quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Santo Antonio da Patrulha

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Essa história se passa num lugar distante, nos confins do Rio Grande do Sul, num tempo remoto, antigo, tipo Idade Média.
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Eu era feliz. Namorava um cara lindo, mas meio bocó. Pressionei ele dizendo que queria casar logo. Ele acabou me dando um fora homérico.....



Fui correndo pra Santo Antonio da Patrulha, em busca de consolo. Na Catedral, me pus de joelhos, pedindo que queria me casar... Outras pessoas faziam o mesmo...




Conheci pessoas bacanas, e nos tornamos solidárias na dor. Fomos nos apoiando umas nas outras em nossa Jornada em busca de uma esperança.....




Santo Antonio da Patrulha atendeu as minhas preces !! Hoje estou casada !! Não importa com quem.... Enfim, a fé é uma coisa psicopata....
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Participação especial do Juliano.
A cidade de Santo Antonio da Patrulha realmente existe.
Numas das minhas idas para Porto Alegre, a Chris e o Jú me fizeram o favor de me levar até lá.
Eu querendo ir pra Gramado, Canela e eles me convencendo a ir pra Sto. Antonio da Patrulha, ou Três Irmâos, ou Feliz.
Sim, existe uma cidade chamada Feliz.
Logo na entrada da cidade, tem um morango gigante...
Eu mereço......
E essa estátua gigante de Sto Antonio existe mesmo, não é montagem.
E essa agarração toda nas fotos é porque tava um frio de lascar o cano.....
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Carnaval no Guarujá

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Calor, muito calor...
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O Tato deu xilique porque não ia assistir ao Oscar 2009.
A Globo só ia passar as escolas de samba.....
Ele disse que ia falar com o Seu Keiko pra reclamar que lá no Guarujá não tinha TV a cabo.
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Mas aí, quando eu lembrei que o Hugh Jackman é que ia apresentar o Oscar, eu é que comecei a dar piti........COMO É QUE EU IA PERDER O WOLVERINE!!!!!!!
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Ficamos feitos uns doidos, procurando na internet, pra ver se ia passar lá.... e nada...
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Tomamos 13 litros de Coca zero, no decorrer de 48h e comemos 100 bolinhos de peixe, em menos de 12h......
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O Jou fez uma salsicha de carne e bacon moídos, que ele viu no programa do Claude Troisgros.
Pra acompanhar, oniguiri.
O Tato inventou de decorar o oniguiri de um jeito, que por pouco, não fica parecendo uma suástica.

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O Marcos mandou as fotos por e-mail e a Chris cobrou:
- Cadê a foto do filho da dona Creuza!!!!!!
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Dona Creuza vende milho verde e côco gelado, na praia.
E o filho dela, que ajuda ela no carrinho, é um petáculo.......UM PETÁCULO!!!!
É um dos poucos que podem usar sunga branca.
O Jou não pode usar sunga branca.
O Marcos não pode usar sunga branca.
O Tato não pode usar sunga branca.
O Hugh Jackman não pode usar sunga branca.
Mas, dessa vez ele tava de camiseta e bermuda, então não tinha muita graça.....
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Tato e eu desesperados: eu quero ver a Kate Winslet dar uma sova na Chatolina Jolie!!!



Oniguiri estranho.......

Notas rápidas

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Ah, e de novo a minha depressão.....
Já disse, já falei: sou bipolar.
Tem horas que é uma alegria danada, uma euforia, uma agitação.
E depois a escuridão.
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Estamos na Quaresma.
Tempo de trevas, como dizia o Stélio, meu terapeuta falecido.
Aliás, sonhei com ele, ontem a noite.
Ele tava bem, dei um abraço forte.
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Aliás, em dezembro do ano passado, me dei alta da terapia que fazia com a Lenita.
Lenita me ajudou muito. Ela foi muito pontual, em algumas questões.
Graças a isso, consegui tomar a decisão de me casar.
Como bem lembrou Tato, eu me trabalhei muito para decidir isso.
Sou muito grata a Lenita por isso.
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Mas, voltando às trevas, não me conformo como o ogro do Christian Bale ainda anda por aí, batendo nas pessoas e gritando feito uma histérica.
Porque Deus não levou ele, ao invés do lindo e fofo do Heath Ledger??
Eu simplesmente não entendo.
Como já disse alguém: Deus joga dados.
E de vez em quando, joga mal à beça.....
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Semana passada, fui almoçar com a Chris, no Nou (R. Ferreira de Araújo, 419).
É um restaurante super fofo, trendy, chic.
E eu e a Chris, se sentindo, imagina, em plena sexta-feira, todo mundo trabalhando, eu de folga da prefeitura e a Chris se dando uma folga do mestrado.
Eu e a Chris, bem vestidas, num momento Sex and the city - amiguinhas-almoçando-num-lugar-chisque-e-falando-de-secho.
E comendo com garfo e faca.
Ela comeu um St. Peter e eu um risoto de limão.
De sobremesa nada nos apeteceu, e o garçom, um menino super fofo e cute, ofereceu melancia.
Falei pra Chris:
- Ótimo, vou levar as cascas da melancia pras meninas!
- Mas, como você vai levar?
- Vou embrulhar nesse jornal que eu trouxe.
Pronto, o momento Sex and the city foi pro saco....
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No Carnaval, fomos pro Guarujá.
O Jou fez uns 100 bolinhos de peixe com batata.
Em menos de 12h, nós comemos tudo.
Nós, eu digo, eu, Jou, Nina, Felipe, Marcos e Tato.
Se a Chris tivesse ido, ia faltar.
O Jou ia ter que fazer 200 bolinhos....
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Num momento romântico, só eu e o Jou, parodiando Quérrie Bradishau, que parodia Bethoveen, que parodia Andrea Kawamoto:
- Ever thine, ever mine, ever ours (sempre seu, sempre minha, sempre nosso)
E o Jou responde:
- Forevis.
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Felipe e eu voltando da terapia.
Aquele trânsito.
Ele abre o vidro da janela e grita:
- ACELERA NA PERUCA!!!!!!
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No final de semana que o Jou foi trabalhar na Jornada Xamânica (atenção, caro leitor, Jornada Xamânica é Jornada Xamãnica, não é macumba, não é chamantismo, tá?), eu tive que me virar. Odeio dormir sozinha. Odeio. Eu tenho medo. E a Nina foi pro Guarujá. Liguei pra Chris, pedindo pelo amorzinho de Deus, pra ela vir dormir comigo, e ela tipo irmã mais velha que cuida da desmiolada da irmã mais nova, super disponível se mobilizou pra vir dormir aqui. Mas aí, eu me resolvi que já era hora de aprender a dormir sozinha. Aluguei a 3ª temporada de Sex and the city (box com 4 DVDs por uma semana - R$ 16,50), pedi um chinês (yakissoba chop suey, banana caramelada, coca zero e biscoitinho da sorte - R$ 35,50) e me empaturrei de calmante natural (R$ 12,00 - a caixa com 12 comprimidos). Consegui dormir sozinha, mas custou caro...
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Ontem assisti no Telecine Cult, o filme italiano "Vermelho como o céu" (Rosso como il cielo), baseado na história real de um garoto que fica cego. Nos nos anos 70, Mirco, um menino de dez anos, apaixonado por cinema, perde a visão após um acidente. Nesta época, crianças cegas não eram aceitas, nas escolas regulares e eram enviadas a escolas especiais. Ele é enviado então para um instituto de deficientes visuais em Gênova. Lá, descobre um velho gravador e passa a gravar sons, criando narrativas sonoras. Na vida adulta, ele se torna um dos melhores editores de som do cinema italiano.
O filme é lindo, no estilo italiano, lembra "Cinema Paradiso".
Tem uma sequencia, absolutamente poética, onde os meninos cegos vão para o cinema e se divertem, riem, vêem aquilo que ninguém mais vê.
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Não por acaso, semana passada fui no Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual. Como lá em Osásquio, trabalhamos com inclusão, fomos conhecer de perto o trabalho deles. Uma pessoa cega nos guiou pelo Laramara. Pessoas cegas ou de baixa visão trabalham lá. O guia nos mostrou como guiar uma pessoa cega, as dificuldades, as diferenças. Vimos os equipamentos, as máquinas para escrever em braile. É um mundo diferente. Um outro jeito de ser. Um outro jeito de "enxergar" o mundo.
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Tenho um amigo que fundou uma ONG que leva pessoas cegas para fazer esportes radicais: maratona, rafting, arvorismo, escalada......
Eu que sou vidente, não faço um décimo do que esse povo faz.
Vergonha.........
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Anotando que "Ensaio sobre uma cegueira" é uma metáfora, como bem lembrou Tato. METÁFORA!
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Outro dia assisti "Notas sobre um escândalo" (Notes on a scandal), com a Judi Dench e a Cate Blanchett.
Perturbador........
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Agora que acabou o Carnaval, oficialmente o ano começa.
Ai depressão.....
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Flores em Dubai

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Você pegou na minha mão e eu achei que fosse para sempre.
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De mãos dadas com você, eu poderia enfrentar o mundo.
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Eu poderia enfrentar a morte.
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Caminhamos pela praia, pelas flores, pela ponte em Dubai.
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A chuva, o silêncio, nossos demônios ancorados na relva.
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Meu coração partido.
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Apenas sente-se aqui, e descanse em paz.
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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Empanadon galego - 07/02/09

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Receita para fazer um empanadon galego
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- para o recheio: misture pimentões vermelhos,





- duas bichas estressadas (sic Marcos),


(olha a pança do Marcos, cruz credo!!!!!!)

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- e uma franga pálida


(co-co-cóóóóóó´)
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-prepare a massa com farinha e orvo,

(coitado do Jou, tava estressado, tamém, com esse povo destruindo a cozinha dele...)

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-coloque a massa num marinex e depois o recheio,

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-assar em temperatura média,


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- e voilá!!


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- sirva com Coca light ou vinho, que é mais fino.....



(que isso, mulher, olha a braguilha aberta !!!! barriga power nela !!!! pança de mamute, pança, pança!!!)
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sex and the city


Eu adoro Sex and the city.
Tem gente que acha muito superficial, fashion demais, meloso.
E é.
Um crítico da Folha disse que era romântico demais e moralista.
E é.
Mas, mesmo assim eu A-DOR-RO!!!
Aquele bando de mulher se estrebuchando e surtando é muito engraçado.
E também porque um pouco de açúcar na vida da gente não faz mal, né?
Afinal de contas, não dá pra viver só do ácido, imoral e sexy Dr. House.
E porque, apesar de tanto sapato, tanta moda, tanto pé na bunda, tanto romance, o seriado trata da amizade longa, constante e inabalável dessas meninas.
Assim como nós!!!!
Eu e a Chris somos meio a Quérrie Brádichau. Sempre batendo cabeça.
A Nina é a Meiranda. Tendo que criar um filho sozinha, cuidando da casa, conciliando com seu trabalho. Ela até tem uma Magda, que se chama Marta. E o Felipe é o Breidi.
O Marquinhos é a Chyarloti. Todo romântico e fofo, que acredita na bondade das pessoas, num mundo melhor, acredita que existe um princípe encantado e a fada do dente.
E claro, o Tato é a Sabanta Giones. Aquela coisa tresloucada, sem medida, nem polimento, que beira a doidice, hilário.
O Jou é o Eidam. Fofo, atencioso, macho, um homem do bem.
Porque no meu Sex and the city, a Quérrie termina com o Eidam, e não com aquele corvo empalhado do Mr. Big.
Aliás, o nosso casamento (meu e do Jou) foi como o da Quérrie, no filme.
Casamos no civil, e depois recebemos nossos familiares e amigos, no nosso apê, de um jeito bem simples e informal.

15.09.07- casamento civil




E eu vos declaro marido e mulher...




Ufa!!!!





Troca de alianças


Carlos Eduardo (irmão do Jou) e Rosana (sua esposa), Jou, eu e Nina





Um brinde no nosso apê, rodeado de familiares a amigos - foto tirada pela Mina

Caravana Holiday pra Osásquio

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Amigos e amigas,

peço desculpas por não ter postado nada, desde a semana passada, por não ter entrado no blog de vocês, por não ter respondido antes aos comentários do último post (já deixei a resposta).

Semana passada, voltei a trabalhar. AAAAaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!

MALDIÇÃO, MINHAS FÉRIAS ACABARAM!!!!!!

E eu trabalho em Osásquio, QUE BELEZIA!!

Pois, depois eu conto proceis as desventuras do Tato e Marcos TENTANDO fazer uma empanada galega aqui em casa (quase pegou fogo....).

E a minha incessante pesquisa em busca de outros espécimes de tanukis: o tanukibe (essa foi o Jou que inventou) - que é uma variação árabe do tanuki e o tanukitty - versão hello kitty.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Fotos da Caravana Holiday para Rezistro

Valei-me, São Chiquinho, tô indo pra Rezistro

Pôr-do-sol regado a Coldplay e muito Negresco




Tatinho e Marcos


Eu, Mário e Chris


Paróquia de Cristo Rei





Eu e Tato, no culto

Caravana Holiday pra Rezistro


E aí que fomos numa caravana holiday pra Rezistro (com z mesmo), neste final de semana, para participar do empalamento, digo, empossamento do nosso amigo (Ar)Mário (Ar)Ribas, na Paróquia de Cristo Rei.

O Mário voltou das Africa recentemente, e foi parar de novo na zona 13. Ele era pároco em Santos, e agora está em Rezistro.

Fomos de carro (porque lá não tem como pousar avião mesmo), o Marcos dirigindo, o Tato, Chris e eu. Claro, a trupe inseparável. Agora nos auto-denominamos Os Insaciáveis (depois explico porque).

Rezistro é a terra da banana e do chá. Eu e Chris nos empolgamos e estamos seriamente pensando em abrir uma boate gay com o nome Banana Power (idéia da Chris).

Falando em boate gay, o Tato já foi se achando que a gente deveria ir no Planeta G, uma casa de sexo explícito, perto do Arouche. "É UM BAS-FOND DE RAIZ" diz ele.

Na ida, ouvimos o Coldplay umas 200 vezes, que nem eu aguentava mais. Mas ou era Coldplay, ou era aqueles tangos tremiliques do Marcos. Afe.
E lá fomos no decorrer da viagem comendo batata frita, enroladinho de presunto, quibe de padaria, Negresco......Por isso somos Os Insaciáveis.

Aliás, o caminho todo falamos bobagens, mas basicamente discutimos a vida afetiva da Chris, pra variar..

Ah, e o Tato fez uma imitação perfeita de cantor de enka (música típica japonesa, de raiz). Ele fazia uma cara de sofrido, estendia o braço e cantava: Kokoro-kooooooo, watashi-waaaaaaa, furikake, Fuiji-san...

Quando estávamos quase chegando, começaram a aparecer aqueles cartazes com propaganda de hotel. Um deles tinha um nome estranho: Lito Palace. Que isso? Latim? Italiano? Ou será que o dono é japonês e como não sabe falar "Little" (pouco, pequeno, em inglês), colocou "Lito".

Pois. O Mário confirmou que o dono do Lito Palace é Tanaka-san. Tori-tori-torá...

E Tanaka-san é o cara. Além do Lito Palace, ele tem 4 lojas de sapatos, na principal avenida de Rezistro. Ele abriu o "Calçados Tanaka" e logo depois abriu outro, para ele concorrer com ele mesmo. Ele devia ser processado por dumping. Ele também ofereceu um super desconto pras pessoas que iam pra posse do Mário. Um quarto pra duas pessoas, ele estava cobrando R$ 80,00. Daí ele faria R$ 40,00 pra cada pessoa. Super desconto.....

Pensamos até em fazer um miai do Tanaka-san com a Chris (ela adora sapatos), mas descobrimos que Tanaka-san é casado. Shit...E também porque ele é um homem que reclama que a próstata está enfraquecida.

Quando estávamos quase chegando, ligamos pro Mário e perguntamos onde ele estava. Ele deu as coordenadas e falou que era pra entrar na 2ª entrada pra Rezistro. Passamos por uma placa "Rezistro" e depois..... nada. "E como vocês vão saber se aquela entrada era a primeira ou a segunda?" perguntou o Tato.

Fodeu. Perdemos a entrada. E aí surgiu uma placa "Buenos Aires 1980km".

Ficamos empolgados e pensamos em ir direto pra lá, já que erramos o caminho e ligar de lá, pedindo desculpas para o Mário.

Mas, sempre tem um chato cristão, não sei qual de nós foi, que nos alertou que estávamos sem dinheiro. Foi quando a Chris gritou: "EU TENHO CARTÃO DE CRÉDITO!!!!!".

Mesmo assim, nossa consciência pesou e resolvemos voltar pra Rezistro.

Fomos na Choparia, onde todo mundo já estava reunido.

Eu e a Chris estávamos sem fome, então pedimos só uma porção de frango a passarinho, e um a la carte de filé com fritas, e arroz, claro, que japonês não fica sem arroz.

Depois fomos dormir na casa de uma paroquiana e os meninos foram para um hotel, que não era o Lito Palace.

No dia seguinte, acordamos cedo para tomar o café no hotel.

Na hora de acertar a conta, na recepção, uma senhorinha veio explicar que ela reservou um quarto para duas pessoas, mas que a filha dela não veio. E que no quarto apesar de ter duas camas, ela só usou uma.

Fomos então para a igreja. O culto foi presidido pelo Bispo Rogério Passarinho.

Foi um culto muito bonito, rápido e indolor. E de quebra, tivemos as senhorinhas inglesas de Santos, que vieram para a posse do Mário, cantando Amazing Grace. Beautiful....

Depois claro, mais comilança. As senhoras de Rezistro capricharam na recepção. Uma mesa cheia de guloseimas japonesas: norimaki, kushikatsu, bifun, harussame, macarrão à bolonhesa, maionese, churrasco. É aquele esquema motiyori (cada um traz um prato), que me lembrou muito a S. João, minha paróquia, nos velhos tempos. A S. João agora é muderna. Tem uma equipe que faz o almoço, então as pessoas não trazem mais os pratos típicos japoneses. Que pena.

No almoço, um jitchan, sem dentadura, que estava mastigando um oniguiri, me fez lembar do meu jitchan. Ele vinha bastante pra Rezistro, junto com seu Barnabé Ishikura, nas festas de aniversário da capela em Manga-Larga, a primeira e única capela anglo-budista, segundo Mário.

Serviram então chá preto gelado, com açúcar, que era uma das especialidades do meu jitchan. No verão, quando a gente chegava na casa dele, sempre tinha chá preto gelado com açúcar. Bastante açúcar.

Durante o almoço, aproveitamos para ver se não tinha nenhum hetero, que não fosse jitchan, que pudesse combinar com a Chris. O Tato viu então, um japonês bem rústico, magro e alto, com cabelo franjinha, daqueles que trabalham na lavoura, andam de chinela havaianas, as legítmias, de tira azul, nada dessas havaianas com estampa de braboleta, risquinhos, tira dorada, nada disso.... Um homem rústico, daqueles que comem um javali inteiro, que não mastigam a comida (nossa, parece com alguém que eu conheço), sem nenhum refinamento, que não sabe o que é o Museu Guggenheim de Bilbao.

Se a Chris casasse com um homem desses, ela teria que pegar na enchada, trabalhar na roça, plantar arroz, chá e banana, fazer missô no braço, andar com um chapéu de palha na cabeça, e chinela de tira. Ela teria que deixar pra trás todo um estilo de vida hedonista e frenético. Ela largaria o mestrado, doaria seus sapatos de salto alto, não usaria mais maquiagem, nem filtro solar, deixaria de acessar a internet, nem assistiria mais a TV. Ela até que gostou da idéia.

O almoço terminou preguiçoso e fomos dar uma volta na cidade. Mário disse que a cidade tem 70.000 habitantes, dos quais a gente viu umas 40. As outras 69960 sumiram, pois não tinha uma viva alma, naquele lugar. Ou o Mário tava mentindo, ou deve ter um refúgio subterrâneo, ou estávamos perto da ilha do Lost.

Quando voltamos pra paróquia pra deixar o Mário, eis que estavam lá os dois churrasqueiros, que não tinhamos visto. Um era um senhor japonês hetero comum. O outro era um sujeito fora do esquadro (como diz o Jou). Um senhorzinho japonês, gordinho e baixinho, de Crocs e colete de pescador, com uma lata de cerveja na mão. Eu não sei se era a cerveja, ou se ele tinha afasia, eu não entedia um piá do que ele tava falando. Ele parecia um tanuki (texugo) gigante. Mas, o que chamou a atenção é que ele começou puxando papo com o Marcos. Perguntou de onde ele era, onde ele comprou o Crocs dele (sim, o Marcos tb estava de Crocs), o que ele fazia, onde morava. Suspeito.....E aí, ele perguntou rapidamente onde eu morava, falei, em Pinheiros, ele falou, vou muito pra Pinheiros, vou muito no Instituto Tomie Ahtake (sic). Vou pelo menos duas vezes por semana pra S. Paulo, disse o tanuki. E aí a Chris, toda delicada e cristã, disse que a nossa paróquia ficava do lado do Tomie Ohtake, e ele, não vou pra igreja não, quando vou pra S. Paulo é só curtição. (????????) Ih, é gay. Só pode ser gay.... Mal diagramado, mas gay....Daí ele se simpatizou muito com a Chris, o que pra nós é assinar o atestado de óbito de hetero. Pronto, o Mário já podia ficar contente que já tinha um gay na paróquia dele. Um tanuki gay.

O Tato ainda desconfiou e achou que o tanu-gay poderia realmente estar interessado na Chris, mas a Chris disse que namorar com o tanu-gay, fosse ele hetero, fosse ele gay, seria demais para a cabeça dela. Ela disse: não quero perder a dignidade. Ela disse que preferia trabalhar catando cocô de panda, do que fazer aquilo.

Bem, era hora de ir embora.

Pegamos um trânsito danado na volta, e para aguentar isso, continuamos falando besteira e falando mal das pessoas, principalmente, daquelas que estavam presentes mesmo.