segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Caravana Holiday pra Rezistro


E aí que fomos numa caravana holiday pra Rezistro (com z mesmo), neste final de semana, para participar do empalamento, digo, empossamento do nosso amigo (Ar)Mário (Ar)Ribas, na Paróquia de Cristo Rei.

O Mário voltou das Africa recentemente, e foi parar de novo na zona 13. Ele era pároco em Santos, e agora está em Rezistro.

Fomos de carro (porque lá não tem como pousar avião mesmo), o Marcos dirigindo, o Tato, Chris e eu. Claro, a trupe inseparável. Agora nos auto-denominamos Os Insaciáveis (depois explico porque).

Rezistro é a terra da banana e do chá. Eu e Chris nos empolgamos e estamos seriamente pensando em abrir uma boate gay com o nome Banana Power (idéia da Chris).

Falando em boate gay, o Tato já foi se achando que a gente deveria ir no Planeta G, uma casa de sexo explícito, perto do Arouche. "É UM BAS-FOND DE RAIZ" diz ele.

Na ida, ouvimos o Coldplay umas 200 vezes, que nem eu aguentava mais. Mas ou era Coldplay, ou era aqueles tangos tremiliques do Marcos. Afe.
E lá fomos no decorrer da viagem comendo batata frita, enroladinho de presunto, quibe de padaria, Negresco......Por isso somos Os Insaciáveis.

Aliás, o caminho todo falamos bobagens, mas basicamente discutimos a vida afetiva da Chris, pra variar..

Ah, e o Tato fez uma imitação perfeita de cantor de enka (música típica japonesa, de raiz). Ele fazia uma cara de sofrido, estendia o braço e cantava: Kokoro-kooooooo, watashi-waaaaaaa, furikake, Fuiji-san...

Quando estávamos quase chegando, começaram a aparecer aqueles cartazes com propaganda de hotel. Um deles tinha um nome estranho: Lito Palace. Que isso? Latim? Italiano? Ou será que o dono é japonês e como não sabe falar "Little" (pouco, pequeno, em inglês), colocou "Lito".

Pois. O Mário confirmou que o dono do Lito Palace é Tanaka-san. Tori-tori-torá...

E Tanaka-san é o cara. Além do Lito Palace, ele tem 4 lojas de sapatos, na principal avenida de Rezistro. Ele abriu o "Calçados Tanaka" e logo depois abriu outro, para ele concorrer com ele mesmo. Ele devia ser processado por dumping. Ele também ofereceu um super desconto pras pessoas que iam pra posse do Mário. Um quarto pra duas pessoas, ele estava cobrando R$ 80,00. Daí ele faria R$ 40,00 pra cada pessoa. Super desconto.....

Pensamos até em fazer um miai do Tanaka-san com a Chris (ela adora sapatos), mas descobrimos que Tanaka-san é casado. Shit...E também porque ele é um homem que reclama que a próstata está enfraquecida.

Quando estávamos quase chegando, ligamos pro Mário e perguntamos onde ele estava. Ele deu as coordenadas e falou que era pra entrar na 2ª entrada pra Rezistro. Passamos por uma placa "Rezistro" e depois..... nada. "E como vocês vão saber se aquela entrada era a primeira ou a segunda?" perguntou o Tato.

Fodeu. Perdemos a entrada. E aí surgiu uma placa "Buenos Aires 1980km".

Ficamos empolgados e pensamos em ir direto pra lá, já que erramos o caminho e ligar de lá, pedindo desculpas para o Mário.

Mas, sempre tem um chato cristão, não sei qual de nós foi, que nos alertou que estávamos sem dinheiro. Foi quando a Chris gritou: "EU TENHO CARTÃO DE CRÉDITO!!!!!".

Mesmo assim, nossa consciência pesou e resolvemos voltar pra Rezistro.

Fomos na Choparia, onde todo mundo já estava reunido.

Eu e a Chris estávamos sem fome, então pedimos só uma porção de frango a passarinho, e um a la carte de filé com fritas, e arroz, claro, que japonês não fica sem arroz.

Depois fomos dormir na casa de uma paroquiana e os meninos foram para um hotel, que não era o Lito Palace.

No dia seguinte, acordamos cedo para tomar o café no hotel.

Na hora de acertar a conta, na recepção, uma senhorinha veio explicar que ela reservou um quarto para duas pessoas, mas que a filha dela não veio. E que no quarto apesar de ter duas camas, ela só usou uma.

Fomos então para a igreja. O culto foi presidido pelo Bispo Rogério Passarinho.

Foi um culto muito bonito, rápido e indolor. E de quebra, tivemos as senhorinhas inglesas de Santos, que vieram para a posse do Mário, cantando Amazing Grace. Beautiful....

Depois claro, mais comilança. As senhoras de Rezistro capricharam na recepção. Uma mesa cheia de guloseimas japonesas: norimaki, kushikatsu, bifun, harussame, macarrão à bolonhesa, maionese, churrasco. É aquele esquema motiyori (cada um traz um prato), que me lembrou muito a S. João, minha paróquia, nos velhos tempos. A S. João agora é muderna. Tem uma equipe que faz o almoço, então as pessoas não trazem mais os pratos típicos japoneses. Que pena.

No almoço, um jitchan, sem dentadura, que estava mastigando um oniguiri, me fez lembar do meu jitchan. Ele vinha bastante pra Rezistro, junto com seu Barnabé Ishikura, nas festas de aniversário da capela em Manga-Larga, a primeira e única capela anglo-budista, segundo Mário.

Serviram então chá preto gelado, com açúcar, que era uma das especialidades do meu jitchan. No verão, quando a gente chegava na casa dele, sempre tinha chá preto gelado com açúcar. Bastante açúcar.

Durante o almoço, aproveitamos para ver se não tinha nenhum hetero, que não fosse jitchan, que pudesse combinar com a Chris. O Tato viu então, um japonês bem rústico, magro e alto, com cabelo franjinha, daqueles que trabalham na lavoura, andam de chinela havaianas, as legítmias, de tira azul, nada dessas havaianas com estampa de braboleta, risquinhos, tira dorada, nada disso.... Um homem rústico, daqueles que comem um javali inteiro, que não mastigam a comida (nossa, parece com alguém que eu conheço), sem nenhum refinamento, que não sabe o que é o Museu Guggenheim de Bilbao.

Se a Chris casasse com um homem desses, ela teria que pegar na enchada, trabalhar na roça, plantar arroz, chá e banana, fazer missô no braço, andar com um chapéu de palha na cabeça, e chinela de tira. Ela teria que deixar pra trás todo um estilo de vida hedonista e frenético. Ela largaria o mestrado, doaria seus sapatos de salto alto, não usaria mais maquiagem, nem filtro solar, deixaria de acessar a internet, nem assistiria mais a TV. Ela até que gostou da idéia.

O almoço terminou preguiçoso e fomos dar uma volta na cidade. Mário disse que a cidade tem 70.000 habitantes, dos quais a gente viu umas 40. As outras 69960 sumiram, pois não tinha uma viva alma, naquele lugar. Ou o Mário tava mentindo, ou deve ter um refúgio subterrâneo, ou estávamos perto da ilha do Lost.

Quando voltamos pra paróquia pra deixar o Mário, eis que estavam lá os dois churrasqueiros, que não tinhamos visto. Um era um senhor japonês hetero comum. O outro era um sujeito fora do esquadro (como diz o Jou). Um senhorzinho japonês, gordinho e baixinho, de Crocs e colete de pescador, com uma lata de cerveja na mão. Eu não sei se era a cerveja, ou se ele tinha afasia, eu não entedia um piá do que ele tava falando. Ele parecia um tanuki (texugo) gigante. Mas, o que chamou a atenção é que ele começou puxando papo com o Marcos. Perguntou de onde ele era, onde ele comprou o Crocs dele (sim, o Marcos tb estava de Crocs), o que ele fazia, onde morava. Suspeito.....E aí, ele perguntou rapidamente onde eu morava, falei, em Pinheiros, ele falou, vou muito pra Pinheiros, vou muito no Instituto Tomie Ahtake (sic). Vou pelo menos duas vezes por semana pra S. Paulo, disse o tanuki. E aí a Chris, toda delicada e cristã, disse que a nossa paróquia ficava do lado do Tomie Ohtake, e ele, não vou pra igreja não, quando vou pra S. Paulo é só curtição. (????????) Ih, é gay. Só pode ser gay.... Mal diagramado, mas gay....Daí ele se simpatizou muito com a Chris, o que pra nós é assinar o atestado de óbito de hetero. Pronto, o Mário já podia ficar contente que já tinha um gay na paróquia dele. Um tanuki gay.

O Tato ainda desconfiou e achou que o tanu-gay poderia realmente estar interessado na Chris, mas a Chris disse que namorar com o tanu-gay, fosse ele hetero, fosse ele gay, seria demais para a cabeça dela. Ela disse: não quero perder a dignidade. Ela disse que preferia trabalhar catando cocô de panda, do que fazer aquilo.

Bem, era hora de ir embora.

Pegamos um trânsito danado na volta, e para aguentar isso, continuamos falando besteira e falando mal das pessoas, principalmente, daquelas que estavam presentes mesmo.



7 comentários:

nina disse...

cacete, tá ótimo isso!
muito bom mnesmo!

erica disse...

Ni,

a sua irmã é muito trash..
tá louco, isso porque ela frequenta igreja..

Marcos disse...

Só uma correção: o lugar onde encontramos com o pessoal lá em Rezistro, não era Choparia, se chamava Chopário ( sugestivo, né Reverendo?)

Sweet bug disse...

Aaaa okashii !Tanu-gay , ne ? Wakatta wa !? Vou ficar de olho em algums para a Chris !Em casa nao tem gay nao ! Only straight guy !
Waraemashita ! Arigatou !!

Mina disse...

Tô rolando de rir com esse relato, Erica! Trash ou não, eu gosto assim!
Saudades da Chris,Marcos e Tato! Legal ver as fotos de vocês, pelo menos aqui, são recentes.
Eu achava que ouvia errado mas realmente o povo inventou a palavra chinela !! ufa!
Beijos!!!!

Mina

erica disse...

Marcos, obrigada pela correção!

Andorea, pelo amor de Deus, arranja um straight guy para a Chris, nós num aguenta mais, ela só atrai gay.....

Mi, Tanaka-san não é seu parente , né? E o Tanu-gay?

Sweet bug disse...

Hahaha ! Omiyai desuka ? Pode ser Japonesinho? Aqui so tem Japonesinho!!